domingo, 6 de abril de 2014

Escreve de mim...




Escreve de mim, oh! Madrugada acordada
A história que o tempo esqueceu
A lágrima que foi derramada
No verso que o poeta perdeu

Mar, luz, fogo ou giesta
Ninho, gruta, raiva e dor
Sentimento, dádiva e festa
Inventa-me hoje e dá-me cor

Penteia-me a vida em quadras
Rima-me em todo o teu esplendor
Num oceano de verdades entrançadas
À subtil escrita por amor

E nas folhas por ti desenhadas
Com palavras de bem saber
Serei das obras mais desejadas
Que um dia a madrugada viu nascer…


Um enigmático burro...



Nasceste Burro, Burro és!
Pseudo inteligentes…e nunca Burros
Se hão-de ajoelhar a teus pés

Deixa falar os que Burros não são
Que zurrem de boca suja e desgraçada!
Enquanto tu meu Burro, falas com o coração
Para burros que não entendem nada

Corre! Burro corre!
Corre e avança de cabeça erguida
De Burro és Vitorioso
E os que Burros não são
Serão sempre uns fracassados na vida!

Não te deixes silenciar meu Burro
Tu de Burro és inteligente
E neste mundo de Xico-espertos
De tão Burro tu és Grande
De tão Burro tu és Gente.

Pássaros feridos...


Algures…no templo dos perdidos
Em terras de ninguém
Cantam pássaros feridos
As dores de quem já nada tem

São cânticos silenciados
Pela luz duma natureza morta
Tão frios e apagados
Como as penas que cada um transporta

São gritos na noite
Da fome que se faz sentir
São Homens encurralados
Contra a força de um menir

Ai maldição que és tão fria
Maldição que foste imposta
A tua chegada foi sombria
Austera e sem resposta

São gritos na noite
Contra a opressão severa
Bandos de pássaros feridos
Desafiam a força da fera.

Sozinha...




Quando tu não estás…
Naufraga em mim tal sentimento
Exalo saudade no momento
E perco-me nas vielas da agonia…
Danço com as palavras que não disseste
Entrego-me ao sentimento que não me deste
E abraço-te por entre lençóis de fantasia…

Faço amor com as memórias sonhadas
À luz das horas desmarcadas
Numa noite em que a lua não acordou
O meu corpo vibra no deleite
E entre gemidos tudo é aceite
Mas por mim nem o um beijo passou

Grito agora aos quatro ventos
Sem rancor nem lamentos
Qual mulher de alma destroçada
Vivo a vida a cada segundo
No palco da vida enfrento o mundo
E das trevas acordo a noite estrelada.