quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Maldita noite...


Como o areal de uma praia deserta
Sou o silêncio da hora incerta
E o beijo que outrora te fez sorrir
Sou a onda que já vem cansada
E que se deita sem se sentir amada
Numa noite que não tarda em cair

Sou a frente da tempestade que se avizinha
Escondida em cada entrelinha
Muralha que o mar quer rebentar
Sou o ser que encorpa a noite fria
Que vive em perfeita agonia
Aguardando quem nunca há-de chegar

Oh! Maldita noite que por mim ainda esperas
Mata-me como fizeste às primaveras
Que sorriam ao meu amanhecer
Partirei abraçada á saudade
Levo comigo o amargo que me invade
P´ras penas q’uinda hei-de colher.


sábado, 30 de outubro de 2010

Choro as palavras...

Choro as palavras que escrevo
E as entrelinhas do que não digo
Sou o que devo e o que não devo
E bebo lágrimas como castigo

Sou pedra da calçada já cansada
Numa rua onde já ninguém passa
Sou o grito, sou pedra desventrada
P’lo desejo que lá morava e agora escassa

Sou o tão desejado cais de outrora
Mas que agora não te segura a corrente
Sou o fogo que te incendiou naquela hora
Labareda que fizeste estrela cadente

Sou a dor que dilacera a toda a hora
Sou a carne possuída sem pudor
Sou mulher que tem alma e que chora
Que dá seiva… tão só e só por amor…

Choro as palavras que escrevo
E as entrelinhas do que não digo….


sábado, 16 de outubro de 2010

Perdida...


Perdida…
Perdida de mim
Perdida de ti
Perdida da vida…
Simplesmente perdida…

Perdida no espaço
Não sei o que faço
Não sei onde estou
Nem para onde vou
Perdida…
Perdida…

Assim, vou continuar…
Enquanto o teu amor por mim não chamar
Enquanto não te sentir completamente meu
Estarei perdida olhando o céu…

Perdida no mundo
Num sufoco profundo
Perdida…
Simplesmente perdida…
Abraçada à solidão…
Sem apreço nem compaixão
Sigo a rota da minha vida…
Simplesmente perdida…

É este o meu mundo…
Tem sido esta a minha vida…
Sempre atenta ao que me rodeia
Mas perdida…
Simplesmente perdida…

sábado, 2 de outubro de 2010

Fado malandro...


Ponho este ar de malandro
Sempre que canto um fado
Vejo o brilhar dos teus olhos
E sinto-me por ti beijado

Canto porque amo o fado
Mas canto-o só para ti
És a diva, o meu pecado
E o amor que eu aprendi

O meu fado abraça todas as vielas
Vidas singelas, vidas singelas
E à noite tem o brilho das estrelas
Canto com elas, canto com elas
O meu fado trás o sol á noite escura
E amargura e amargura
E às vezes faz noite o seu dia
Na alegria, na alegria

Ponho este ar de malandro
Sempre que canto um fado
Fecho os olhos e penso
No querer ter-te a meu lado

Canto porque amo o fado
E porque te amo a ti
Imagino-te a meu lado 
Desde o dia em que te perdi.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Leva-me contigo esta noite...


Leva-me contigo esta noite!
Nos teus sonhos de aventura
Quero mergulhar nas tuas fantasias
Em ondas de prazer e loucura

Sinto-te percorrer o meu corpo
E entrego-me sem demora
Sou tua e dou-me por inteiro
Continua! Não pares agora!

Envolve-me em beijos de mel
E deixa-me em ti naufragar
Num orgasmo doce e perfeito
Tu e eu à luz do luar.

terça-feira, 22 de junho de 2010

O meu rio tem um tesouro...lá no fundo bem guardado!


Tenho orgulho no meu bairro
Para mim é o mais belo
Do miradouro das escarpas
Vejo a Tróia e o Castelo

O meu Rio tem um tesouro
Lá no fundo bem guardado
Foi por D. Afonso V
Noutros tempos conquistado

Alcácer, Alcácer Céguer
Setúbal deu a partida
E os Corsários embarcaram
Arriscando a sua vida

Mas que jovens tão audazes
Que fizeram a nossa historia
Corajosos os rapazes
Cheios de brilho e de glória

A branca espuma do mar
Embalou as caravelas
E devolveu os corsários
Às raparigas mais belas

Este Bairro tem tradição
Veste hoje a fantasia
Desta marcha popular
Com perfumes de maresia

Esta marcha ao passar
Vai espalhando a beleza
Contagia de alegria
São os Amarelos concerteza!!!!
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Marcha 2010 "Grupo Desportivo os Amarelos"
Madrinha da Marcha a minha Filha "Margarida Piedade"
(Para ouvir a Marcha basta clicar no titulo)

domingo, 16 de maio de 2010

O Monstro...


Entraste sem pedir licença
E sem dar pela tua presença
Possuíste-me de forma leviana
Aproveitaste-te do meu cansaço
E sem pudor ou embaraço
Confrontas-me com força insana

Ai! Saúde que te perdi…
Ainda ontem estavas aqui
E como eu te agradecia
Hoje não te sinto por perto
E com a alma a descoberto
Abraça-me a melancolia

Quem és tu? Que me maltratas
E me vais condenando a mente
Quem és tu? Que me consomes
E insistes em estar presente

Apoderam-se rasgos de dor
Neste calvário tortuoso
Luto com todas as forças
Mas o caminho é escabroso…

Ai! Saúde que te perdi…
Quantas rosas, contigo colhi
E hoje só encontro os espinhos
Restam-me as sementes da esperança
Onde deposito toda a confiança
E vou traçando, novos caminhos…

Ai! Saúde que te perdi…
Não sei o que este monstro faz aqui
E porque não pára de me corroer?
Se é a morte, que me anuncia
Essa, será certa um dia…
Mas não, quando ele entender…

"Homenagem a todos aqueles, que estão a passar ou já passaram por este pesadelo."


terça-feira, 4 de maio de 2010

Não! Mais não digo...

Não! Mais não digo…
Nem que me forcem a falar
De vida só conheço perigo
Insensatez e mau estar

Não! Não me obriguem…
A levantar a voz ou gritar
Já senti na pele a vertigem
P’la cobardia de quem me fez falar

Delineei o meu próprio caminho
Em estradas rugosas de linho
E é assim que vou continuar
Tropeçando em cada obstáculo
Em cada queda o meu oráculo
Mas não me deixarei manipular

Não! Mais não digo…
Espalhei rosas na minha viagem
Se não souberem desviar os espinhos
Então chamem-me, tenham coragem!

Não! Não me obriguem…
Que eu não vou parar ou recuar
E as penas que encontrar na viagem
Só me darão força para avançar…

Não! Mais não digo…



quinta-feira, 22 de abril de 2010

Vento do desalento...


Cai a noite…
O vento chega em desalento
E aproxima-se de tantos…
Tantos…que nem se sabe de quantos…

Instala-se o medo em pranto
Rios de lágrimas, formam o manto…
Que se estende no desconhecido
Rios de perguntas pairam no ar
Muitas respostas ficam por dar
E nasce um terror muito contido

A vida é pensada a cada momento
Cada dia… cada tormento…
E o vento vai soprando sem norte
A guerra está instalada
Cada guerreiro prepara a cilada
Tornando-se um ser cada vez mais forte

Não! Eu contigo não caminho!
Nem lutarei sozinho…
Mas estarei na linha da frente
Serás derrotada…oh! Noite escura
Noite sem pudor ou bravura
P´la força de tanta, tanta gente…

Oh! Vitoriosos desta noite
Heróis das forças deste vento
Que sobrevivestes a cada açoite
Mensageiros da coragem e alento.


sexta-feira, 19 de março de 2010

O sonho...


Amei-te hoje pela última vez
Entreguei-me ao amor que não se fez
Partilhei contigo as mais sábias palavras
Na entrega, deite o corpo que há muito não lavras

Deitei-me na cama que não conheci
Nos braços da lua, adormeci
E foi no sonho que tu me quiseste
De libido em chamas assim te deste

Nas asas do sonho, entrei no jogo
E num passo de dança apaguei o fogo
Senti-me borboleta a voar pelo quarto
E pela primeira vez, não te senti de mim farto!

Ah! Fui-me sentindo, tão cheia de mim
Exalava no quarto cheiro a jasmim
Quando acordei, sozinha eu estava
E beijei a vida que por mim chamava!