segunda-feira, 26 de maio de 2008

Cais de esperança...

Sei d’um rio que ainda passa
P’las aguas desse teu cais
Sei de um amor que ainda chora
Sem deixar ouvir seus ais

Levado p’la corrente vai
Tresloucado na sua ira
Num queixume silencioso
Que de amor’inda suspira

Ai de mim que te sinto
E de tão perto, já vão distantes
As saudades que te feriram
Em sentimentos expectantes

Esta água qu’ainda corre
Sem saber se volta um dia
Ás veias desse teu cais
Que nele ainda confia

Oh! Águas que também viestes
E que acenastes sempre em vão
Podeis navegar livremente
No néctar desse coração

Sei d’um rio que ainda passa
Num cais cheio de esperança
Leva consigo silenciosos ais
E um grande amor na lembrança.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Meu corpo...


Sou a água viva deste rio
Em ondas de calor e frio
Beijos de uma margem qualquer
Sou fúria d’um vulcão em ameaça
Aquele que p’la serra já não passa
Se isso de mim depender

Como um barco que navega á luz da lua
Bailarina que dança semi nua
Levada pela corrente do amor
Sou gaivota que acompanha o cardume
A chama que grita no lume
Aquela que se dá em flor

Sou o oásis do teu perdido deserto
A palavra que tens sempre por perto
O mapa que queres decifrar
Sou as entrelinhas do que não digo
Escondida num campo de trigo
Onde ninguém me há-de encontrar

Como sombra que passa despercebida
Vivo entre uma e outra vida
Na indelével força do ser
Sou a brisa que corre envergonhada
No meu corpo de terra lavrada
Onde o sol irá sempre nascer.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Hoje vesti-me de letras...



Hoje vesti-me de letras decoradas de sorrisos
Formei com elas alguns versos amigos e concisos
Pintei de verde a amizade, porque trazia esperança
Saltei de quadra em quadra e senti-me uma criança

Voei nas palavras e no sentido que lhes dava
Mas sempre que parava outro verso já espreitava
Perfumei cada letra com aromas de jasmim
E juntei todas as rimas para formar um jardim

Colori de vermelho as palavras que falavam ao coração
Deixei ficar de branco a Paz, porque trazia perdão
Musiquei alguns versos para tos poder cantar
Dancei com eles sobre lagos para assim te animar

A tua presença é forte mesmo quando tu não estás
A nossa amizade é sincera e que bem que isso me faz
Sei que quando precisei contigo pude contar
E quando chorei estavas lá para me apoiar

Hoje vesti-me de letras decoradas de sorrisos
E para te dizer que amigos como tu são precisos
Por isso hoje te guardo como a uma jóia rara
No cofre que trago no peito e onde ninguém nos separa.

Sofro...



Sofro por saber que não me vês
Por não sentires o meu desespero
E p’la cegueira que não te deixa amar

Sofro por cada momento por ti esquecido
Por cada palavra que tu não dizes
Por não me quereres falar

Sofro as recordações que tu ignoras
As lágrimas que tu não choras
E p’lo carinho que não me dás
Sofro ao sentir-te tão distante
Olhas-me como um ser errante
Enquanto a minh’alma se desfaz

Sofro, sofro porque te quero
Neste meu amor sincero
E só tu é que não vês…
Sofro, sofro por ti e ainda espero
O fim deste pesadelo severo
E que voltes para mim outra vez

Sejam os teus olhos fontes de luz
Aqueles que o amor conduz
Por um caminho sem fim
Seja a tua presença alegria
Aquela que foi minha um dia
E que eu ainda guardo em mim.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Lágrimas amargas...


Sinto o amargo das tuas lágrimas
Ao mergulhar na palidez do teu rosto
Os nossos poemas morreram nas páginas
E as nossas alegrias perderam o seu posto

É a tua ausência como uma lança
Que me trespassa a cada momento
O vento levou-me a esperança
E amar-te é hoje o meu tormento

Promessas que fizemos, onde estão?
Palavras que dissemos, já nem sei…
Um vazio ocupou-me o coração
Com uma dor que nunca imaginei

Já não sinto o teu cheiro quando passo
A noite levou-me o teu doce olhar
Não dou conta do que digo ou que faço
E quando canto oiço a minha alma chorar

Erros que te encontro são meus também
E as palavras mais duras podem ter um fim
São desencontros…Quem os não tem?
Lágrimas amargas nascem hoje em mim.