sábado, 26 de fevereiro de 2011

Se ao menos Pessoa...


Se ao menos Pessoa acordasse os sentidos
E ouvisse os meus gemidos
Nas palavras que o meu silêncio grita
Talvez a poesia fosse verdade
E o mar fizesse a vontade
De me embalar naquilo em que acredita

Oh mar! Tantas vezes que foste cantado
E pelo poeta desenhado
Nas folhas do entardecer
Ensina-me a amar a saudade
Mas antes…afoga-lhe a crueldade
Antes que ela me deixe morrer

Se ao menos Pessoa estivesse aqui
Lia o livro que não escrevi
E bebia as palavras que não nasceram
Neste mar tantas vezes rasgado
E pelas naus conquistado
Onde tantos filhos por lá se perderam.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Um silêncio que magoa...


Há nas águas deste mar
Um silêncio que magoa
Já não sinto dor nem pranto
Já nem me cheira a Lisboa

Vem de longe o meu tormento
Em caravela quinhentista
Com notícias de Portugal
Que há muito perdeu de vista

Oh! Mar diz-me tu!
Quantas lágrimas te salgaram
Quantas despedidas te foram tristes
E quantos filhos te abraçaram

Oh! Mar diz-me tu!
Que é do povo Português
Conquistador, aventureiro
Mas já perdido das marés

Há nas águas deste mar
Uma vontade destemida
Um País por encontrar
E uma história já esquecida

Ao longe outra caravela
Vestida com a minha bandeira
Trás um Portugal renascido
Quer o silêncio queira ou não queira.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Maria do Fado...


Conta a lenda
Que certa senhora encantada
Abriu as portas do fado
E fez dele a sua morada

Alma fadista
Mulher cheia de magia
Inspiração de poetas
E o sonho da fidalguia

Ai! Maria
Mulher de corpo formoso
Foste modelo de Malhoa
Paixão do Conde de Vimioso

Ai! Maria
Maria de uma outra era
Maria tão cheia de fado
Teu nome Maria Severa

Fadista, boémia
Fizeste com o Fado uma aliança
O Fado que é tão nosso
Fado nosso, nossa Herança

Maria Severa
Das noites da fadistagem
Onde cantaste poetas
D’um passado sempre em viagem.