sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Velório...




Fui entrando lentamente
Como quem não sente
Nem quer sentir
Num ambiente pesado
Sentou-se a lágrima ao meu lado
E num abraço apertado
Pediu-me para não a deixar partir

Ali nada fazia sentido
E naquele ensejo tamanho pedido?
Eu já nem me conhecia…
Entrou a sorte que não me falou
Acompanhada do sorriso que me ignorou
Vestido de morte também se sentou
E eu ali na minha agonia…

Mas quem é ela? Quem não deixo partir?
Se eu só entrei por não saber sorrir
Ninguém me respondia…
Quem és tu? Oh desgraçada
Que estás pr’aí deitada
E em negrume açoitada
Neste sítio que não tem luz do dia

A lágrima mais uma vez me abraçou
E ao meu ouvido segredou:
Este sítio que não tem luz do dia
É o velório da tua alegria…


Paula Martins

18/05/2016

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