segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Odeio-te!

Oh! Profissão que me dás de comer
Que vergonha por te pertencer
Mas outra não conheci…
Nascida de ti fui criada
Explorada e mal tratada
E de tudo aprendi

Sacio a fome de homens
Carniceiros e lobisomens
De camisa bem vincada
Servem-se do prazer que não conheço
Tem meu corpo um conspurcado preço
Num saldo de uma qualquer estrada

Oh! Profissão que me dás de comer
Fala-me do amor ao anoitecer
Para que parta a sonhar
Desta vida estou cansada
Mata-me hoje na tua estrada
Antes que me voltem a usar.


10 comentários:

C.R. disse...

Paula , se me permite.

Agradeço a sua simpatia. E desculpe apenas agora o fazer. Em plena época de desassossego não há dia menos preenchido do que o anterior. O cúmulo das nossas vidas é que para tudo o que desejamos tenhamos quase sempre que passar por uma forma de dança ilusória de metáfrases sedutoras.

Beijo sereno para si.

Anónimo disse...

Tenho gostado particularmente dos teus contributos mais "azedos". Metáforas perfeitas de situações imperfeitas. Mas, como se diz, o artista vai beber a essa fonte, ao dia-a-dia, ao sofrimento, à desilusão, exorcisando assim esse mal. Continua, apenas te peço que não apagues mais nenhum dos teus pensamentos, eles revelam-te, acima de tudo descrevem-te!

mundo azul disse...

Versos fortes e sentidos!
Gostei demais do seu poema...Uma bela construção!


Beijos de luz e o meu carinho!

vieira calado disse...

E, dizem, é a mais antiga das profissões... pelo menos, da mulher.
O tempo passa e nada muda.
Até quando?

Bjs

Ricardo Galvão de Mello disse...

Aproveitei para ler alguns poemas teus, são todos magnificos, muito bem construídos... adorei-os mesmo!

parabéns e obrigado pela tua visita ao meu cantinho. beijinho

Chinha disse...

Teu poema dá que pensar...
Acho que por vezes se faz juizos de valor sem pensar um pouco.

Escreves muito bem

bjinhos

Nilson Barcelli disse...

Gostei da pele de prostituta que vestiste para escreveres este poema. O resultado é excelente, parabéns.
Se me permites... reproduzo aqui um poema que escrevi há muito sobre o tema:

"Não te quero,
Não quero o teu corpo comprado
Numa cama limpa, sem vida,
Sem beijos… eu seria o teu sorvete.

Do teu sangue não sentiria a desordem,
Apenas o ruído equivalente,
Nem da tua carne beberia a sede
Ou o galope de corcel desenfreado.
Serias virgem em chamas simuladas
Não ateadas pelo meu fogo real.

Não te quero. Amante?
Serias actriz cronometrada
Enquanto eu, artista principal,
Te possuía com um papel secundário.

Não te quero,
A ti e a todas como tu.
Porque eu não te amo nem te desejo,
Tal como tu.

Não te quero,
Mas mesmo assim eu gosto de ti.
Eu sei, não podes ser diferente…
Nem serias prostituta
Com tanto homem na mente."

Hoje não o escreveria tal como está... estamos sempre a evoluir...

Beijinhos.

Luis Ferreira disse...

Paula

Excelente momento aqui encontro...

Versos fortes, sentidos, com refelxão a quem mergulha e comunga de cada palavra que deixas.

Adorei ler

Com amizade
Luis

Unknown disse...

Muito bonito Paula.

Imparável ...

Anónimo disse...

ola


gosto do seu blogue e por isso passarei por cá mais vezes.

Boa semana

http://arte-e-ponto.blogspot.com