quinta-feira, 11 de outubro de 2007

As conserveiras...


Lá vão elas tão barulhentas
Com um saquinho na mão
Correm pelas ruas fora
Numa alegre confusão
.
Apressadas tentam saber
Qual o barco que chegou
O peixe já as espera
E a sirene já tocou
.
Ali não há idades
Só rostos marcados pela vida
Vão dos oito aos oitenta
Até á hora da despedida
.
Deixam os filhos em casa
Á sorte do dia que passa
Ao cuidado dos mais velhos
Que evitam suposta desgraça
.
Estas mulheres são heroínas
Trabalham horas a fio
Sem quaisquer regalias
Aceitam o desafio
.
Gritam os miúdos na rua:
-Cheira a peixe que tresanda
Ao que respondem irritadas
Mandando-os para outra banda
.
Começam o dia com furor
Tratando o peixe que as espera
Com alegria e muito amor
Defendem a Industria da sua terra
.
Mas o esforço não foi bastante
E a industria alguém lhes tirou
O peixe já não as espera
Como um dia as esperou
.
Já não correm pelas ruas fora
Vivem hoje de grande saudade
Estas mulheres que foram um dia
Alicerces da minha Cidade.

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